sexta-feira, 5 de setembro de 2014

Marcelo Fernandes da Costa

O engenheiro civil Marcelo Fernandes da Costa é mineiro de Belo Horizonte. Nascido no ano de 1956, é torcedor do América Futebol Clube, clube que espera ver campeão brasileiro da série A em 2014! Formado na Escola de Engenharia da UFMG,  teve como colegas os engenheiros Gilson Carvalho, Murilo Valadares, Jorge Assis Filho(Fubá), Jeovah Antunes (Doutor), entre outros. Seu ponto de vista equilibrado e conciliador faz dele um líder respeitado frente à presidência do IMEC, Instituto Mineiro de Engenharia Civil.

Nesta interessante entrevista, Marcelo revela os objetivos do IMEC e discorre sobre a urgente necessidade de reestruturação das cidades e organismos que as compõem.



LUIZ CARLOS: Como surgiu o IMEC?
MARCELO FERNANDES DA COSTA: A nossa entidade nasceu em 1990 para defender a categoria de uma lacuna existente em diversas instituições que pouco faziam  para o engenheiro civil, eram amplas e abrangiam diversas categorias. O engenheiro civil pertence a uma categoria que abriga muitos profissionais liberais que enfrentam problemas em órgãos como Cemig,
Corpo de Bombeiros, etc. Precisam de representatividade frente a estes órgãos e demais outros, além de amparo em vários setores profissionais. Por isso, surgiu o IMEC, que além de defender a categoria, também defende a sociedade como um todo. Temos muitos projetos para colocar em prática.
Em suma, O IMEC surgiu através do ideal de quatro engenheiros abnegados: o Ivo Silva de Oliveira Jr; o Ivan Carlos da Costa, o Teodoro José Bahia e eu, Marcelo Fernandes da Costa.  Depois novos colegas se incorporaram à entidade, ao observar que ela visava o bem comum.

LUIZ CARLOS: Um tema que me incomoda particularmente na engenharia, pois tivemos grandes profissionais como o professor Falconi, um baluarte da área e alguns mineiros que não sabemos se eram médicos ou engenheiros, como o presidente Juscelino, um construtor nato, o doutor Sayão, o doutor Israel Pinheiro(rs...). Um dia, entrevistando o doutor Richard Lima, grande arquiteto, vi que, com o passar do tempo, nossa área tem deixado a desejar na formação de novos profissionais. Estamos em um momento especial de nossa história, segundo Peter Lucker já estamos implantando uma nova sociedade, com a junção da informação, do conhecimento e da sabedoria.
Temos notado que a formação de nossos profissionais tem deixado muito a desejar! Principalmente na área de planejamento e controle da produção. A qualidade não é a única função da produção, não são apenas os Isos que a demonstram! Uma disciplina que deixa muito a desejar é a Gestão de Projetos. Sob o ponto de vista de engenharia consciente, como você acredita que podemos levar uma formação mais sólida a nossos estudantes, acerca disso?
MARCELO FERNANDES DA COSTA: O que sentimos é o problema que as escolas enfrentam ao formar profissionais que não apresentam uma base sólida. Eles sofrem de uma carência estrutural em sua formação. O IMEC tem feito cursos de aperfeiçoamento para estes profissionais, para ajudá-los na melhoria desta formação. Em diversos conhecimentos, estas carências são minimizadas com a aplicação destes cursos. A partir do traçado profissional do aluno, oferecemos os cursos necessários, inclusive para todo o Brasil através da tecnologia telepresencial. No CREA, temos esta preocupação, para onde levamos esta base estrutural.

LUIZ CARLOS: E quais as maiores consequências desta deficiência?
MARCELO FERNANDES DA COSTA: O que ocorre com a engenharia é que ela não está ocupando espaços no governo, seja no âmbito estadual ou principalmente, federal. O que não é bom para a nação. Pois o engenheiro é um técnico que agrega valor às gestões, pois ele é um técnico! O problema hoje se deve a brigas internas entre as lideranças, que disputam atribuições profissionais. Na plenária do CREA, formada por profissionais de alto gabarito, perde-se muito por brigas por interesses menores. Muitos engenheiros deixaram o CREA para formar a CAU, justamente por causa destes conflitos.

LUIZ CARLOS: Curiosamente, citei aqui o Presidente Juscelino, que era cercado por profissionais de alto nível... Sem esquecer o Lúcio Costa, entre outros calculistas geniais.  Meu pai dizia, quando eu fiz o teste vocacional, “Será que teremos aqui em casa mais um presidente da república advogado?” Tivemos vários grandes advogados presidentes. Tivemos um médico com alma de engenheiro que foi Juscelino Kubitschek. E outro grande foi o Itamar Franco, que fez uma grande diferença em nosso país. Ele não exerceu a engenharia, mas foi um grande planejador. Para a nossa classe de engenheiros, fica aqui uma reflexão, pois precisamos ter um posicionamento político mais equilibrado, que nos propicie ter um presidente da república engenheiro. O Maluf, apesar de tão criticado,  foi um engenheiro que rasgou São Paulo de fora a fora. O que você pode comentar sobre isso?
MARCELO FERNANDES DA COSTA: A fala do IMEC é da união da engenharia. Eu tentei de todas as maneiras negociar com os líderes da arquitetura para cada um respeitar o seu espaço, pois há mercado para todos. Sentei em plenárias com eles, mas a liderança deles aqui não se interessou em levar a frente a ideia de juntos formarmos uma bancada forte e unida. A categoria do eletricista, por exemplo, ficou prejudicada, em especial o eletricista da Cemig que hoje está na Câmara da Energia Elétrica, também vive problemas como o da desunião, o que enfraquece a categoria e todas as outras coligadas. Se temos uma base forte e unida, podemos chegar junto aos governantes e apontar a matriz de transporte correta. A sociedade espera isso de nós!

LUIZ CARLOS: Em momento nenhum, você diz que somos engenheiros civis, mas, simplesmente, somos engenheiros”.
MARCELO FERNANDES DA COSTA: Sim! Com esta visão, ganhamos a eleição do CREA. Unimos mais de setenta associações do estado inteiro. As entidades do interior do estado compreenderam isto, ao serem alertadas para o projeto de poder de vários engenheiros eletricistas da Cemig. Eles ficam discutindo, mas não sentam na mesa pra negociar. Com isso, estão perdendo as eleições, pois o mundo está mudando, as pessoas lá fora estão enxergando isso. O IMEC tem essa postura.

LUIZ CARLOS: Sei que você, Marcelo, não é de briga, mas de indignação, de luta. Luta não no sentido da revolução, mas no sentido da evolução nessa nossa área tão importante que é a engenharia. Antigamente tínhamos o engenheiros formado em três ou quatro modalidades!
Para terminar, deixe sua mensagem final para esta busca da união de nossa classe.
MARCELO FERNANDES DA COSTA: Minha mensagem é a de união das categorias da engenharia e da arquitetura, pois os profissionais precisam disto. Independente da fundação da CAU-BR, as parcerias devem e podem continuar, pois são complementares e convoco as outras categorias para este processo de evolução , para a construção de um Brasil melhor!

LUIZ CARLOS: Estou de acordo com suas ideias! Devemos trabalhar de forma coordenada! Como teremos uma casa, sem ter quem cuida do saneamento, da água, da luz?
Agradecemos da força que você traz, em nome de todos os mestres que nos ensinaram.

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